
Entrevista Fernando da Folha (PR), prefeito de Jataí
O prefeito de Jataí, Fernando da Folha (PR), conta que acata a derrota eleitoral para o ex-prefeito Humberto Machado (PMDB), mas não admite a diferença de 18 mil votos nas urnas. Segundo ele, o processo eleitoral de Jataí pode ter sido fraudado para que a margem de frente do peemedebista ultrapassasse os 18 mil votos. Na entrevista, concedida em seu gabinete no dia 27, o chefe do Executivo falou sobre a intenção de concorrer internamente com a deputada estadual Cilene Guimarães (PR) por uma candidatura à Assembléia Legislativa em 2010 e antecipou que se reunirá ainda essa semana com lideranças da base aliada do governo estadual para discutir o assunto. O prefeito garantiu que tem aberto as portas da administração para a equipe de transição criada pelo PMDB e que deixará os caixas em situação melhor do que encontrou em 2005. "Deixarei R$ 8 milhões de recursos federais em caixa. Uma sorte que eu não tive", comparou.
Fernando Machado
Tribuna do Plantalto - O senhor assumiu a prefeitura em 2005 se queixando de dívidas deixadas pelo seu antecessor. Em que situação entregará a prefeitura de volta ao PMDB?
Fernando da Folha - Bem melhor do que eu encontrei. É claro que nós não pudemos cumprir com todas as obrigações, mas comprovadamente através de documentos de 2004 e documentos de 2008 eu posso assegurar que será melhor. Inclusive a própria cidade, quando eu assumi a prefeitura, a cidade estava abandonada, esburacada, as máquinas sucateadas. Eu estou entregando diferente, com operação tapa-buraco na cidade inteira e as máquinas estão em perfeitas condições. Muitas delas estão no pátio em função do decreto de contenção de despesas, para que eu possa economizar com manutenção, combustível e até funcionários. Afirmo categoricamente que entrego a prefeitura em uma situação bem melhor do que eu recebi.
Como está sendo feita a contenção de despesas de final de mandato?
Eu determinei a todas as secretarias e departamentos que redobrássemos os esforços para entregar cada pasta com o mínimo possível de problemas. Em dezembro vamos entregar relatórios completos de tudo. A ordem é para entregar a casa em ordem. Sempre fica alguma coisinha. Isso é praxe em todas as prefeituras de pequeno, médio e grande portes. Jataí não é diferente. Vamos fazer o possível para entregar tudo dentro da normalidade.
A que o sr. credita a derrota nas eleições?
A uma série de fatores. No começo divulgamos muito mal a nossa administração. Fomos infelizes na comunicação. Outra coisa foi a oposição raivosa que fizeram contra mim, principalmente o PMDB e uma facção do PSDB, quando alguns vereadores e lideranças do partido romperam comigo e se juntaram pra fazer uma campanha difamatória. Mas o que a gente ouve mesmo na cidade é que o Fernando é muito bom e que o problema foram alguns assessores, que não souberam trabalhar e atrapalharam ele. Então, estou convencido disso porque tenho uma aceitação muito boa em Jataí. Agora eu não concordo é com a diferença. Perder seria normal, assim como vencer novamente. Mas essa diferença de 18 mil votos não é real. Fica uma dúvida no ar. Estamos acompanhando alguns noticiários em nível nacional sobre fraude nas urnas eletrônicas. Isso vai estourar em Jataí também. Alguma coisa de errado aconteceu para que essa diferença fosse tamanha, nunca vista em Jataí. As pesquisas e o caminhamento da campanha na reta final apontavam para o equilíbrio, que infelizmente não aconteceu. Estou conformado com a derrota, mas não com essa diferença de votos que ocorreu.
Existe alguma chance de reconciliação com o PSDB para 2010?
Com certeza. Temos um respeito muito grande pelo senador Marconi Perillo e é ele quem vai conduzir esse processo. Por ele a gente reconcilia. Talvez por algumas pessoas do partido em Jataí ficaria difícil. Mas como os nossos partidos têm lideranças maiores, a gente fica confiante. Nos próximos dias eu devo me encontrar com o senador justamente para discutir o futuro político de Jataí.
O sr. é pré-candidato a deputado estadual?
Quem está na chuva é para se molhar. Eu não vou fugir de nenhuma responsabilidade. Hoje existe um grupo muito grande querendo que eu seja candidato a deputado estadual. Eu tenho o pé no chão e sei que não teria condições de sair candidato a deputado federal. Tudo isso será discutido. Eu tenho compromisso com a deputada Cilene Guimarães, que eu sempre defendi com unhas e dentes. Só que se for a minha vez, ela vai ter que entender. Mas vamos amadurecer essa idéia no segundo semestre de 2009. Eu quero ficar seis meses afastado do convívio político para, aí sim, voltar a discutir 2010 com o nosso núcleo. Eu não acredito que os mandatos serão prorrogados de 2010 para 2012. Acredito que seja mesmo em 2010, e acredito também que talvez estejamos dentro desse processo.
Como se dará a disputa de dentro da base entre o sr. e a deputada Cilene Guimarães pela candidatura à Assembléia?
Eu sempre fui leal à deputada Cilene. Ela também sempre foi muito leal comigo. Não teremos briga interna. Vamos ter entendimento. Se a gente notar que as chances dela são maiores do que as minhas, vamos apoiá-la. Agora, se as minhas chances é que forem maiores, eu espero ter o apoio dela nesse sentido. Tudo será discutido com transparência e sem vaidades pessoais. Eu e a Cilene temos um perfil igual de sermos pessoas simples, humildes e respeitosas. Eu não sei qual é o pensamento do Francisco Gedda ou se ele também quer ser candidato a deputado estadual. Aliás, tenho reuniões e audiências essa semana com o Gedda, o senador Marconi Perillo, Leonardo Vilela e Sandro Mabel para tratar do nosso futuro político.
Existe alguma possibilidade do sr. ser aproveitado por Alcides na estrutura do Estado?
O que é mais importante é que eu e o doutor Alcides temos uma amizade forte, um relacionamento político muito bom e eu primeiro me preocupo com o José Renato, que perdeu a secretaria extraordinária, mas pelas palavras do governador, ele será aproveitado em um cargo bom. Eu não gostaria de puxar o tapete porque acho que seria ou eu ou ele. Nesse caso, eu vou abrir mão pra que o José Renato seja aproveitado, mas se surgir uma oportunidade da gente ser aproveitado estarei à disposição. O governador também é sensível pra que eu participe do governo. O que eu percebo é que aqui no Estado tem muito adversário ocupando cargo comissionado. Vamos, pelo menos, informar isso para a equipe do governador e aproveitar muita gente boa que está ficando desocupada, mas que veste a camisa do governador de verdade.
Em que áreas isso ocorre?
Tem em todas as áreas possíveis e imagináveis. Tem na Celg, Saneago, Delegacia Fiscal, Detran e em outros lugares. Tem muita gente lá que trabalhou para o Maguito Vilela na eleição estadual e também contra o candidato a prefeito do governador em Jataí, que era eu. Na política, isso está constantemente sendo revisto. Você tem de ter gente com compromisso do seu lado. Qualquer pessoa que eu indicar aqui terá sempre compromisso com o governador Alcides, que é nosso líder maior, e também com Marconi.
O prefeito eleito afirmou que estava encontrando dificuldades para ser apresentado à situação financeira da prefeitura. Afinal, a transição já começou?Tem mais de um mês que começou. Na secretaria de saúde e na pasta de agricultura e pecuária, as pessoas da equipe do próximo prefeito têm acesso a todas as informações. Tenho uma comissão de transição, formada por dez secretários e auxiliares, que está esperando de braços abertos para passar qualquer informação ou documento que o PMDB solicitar.
Humberto Machado disse também que a campanha deixou feridas abertas nos candidatos. Há condições da transição transcorrer pacificamente?Os ataques foram acirrados entre o Humberto e o candidato do PSDB, Victor Priori. Eles realmente tiveram atritos muito pesados. Inclusive envolvendo questões familiares. Comigo foi diferente. Eu trabalhei em cima do meu plano de governo, mostrei algumas verdades na campanha, mas nunca desrespeitei ninguém. A minha equipe jamais faltou com o respeito aos adversários. Então, se existe alguma mágoa dele é em relação a 2004, quando ele não quis me apoiar para prefeito e queria me forçar a sair de vice. Eu não aceitei, porque vi que tinha plenas condições de vencer, mas sempre fui respeitoso. Sem tem alguma mágio do Humberto é com o Victor Priori, e não comigo.
Qual é o legado da sua administração para Jataí?
Estou deixando uma marca indelével na área da saúde, já que assumi a prefeitura com três PSFs e estamos deixando 14 em funcionamento. Estou entregando em condições de funcionamento a UTI pública de Jataí, que vai atender toda a região sudoeste através de uma pactuação com os demais municípios. Ela tem os mais altos padrões de tecnologia do País. Isso é um legado e realmente entra para a história da cidade. Na educação, deixo uma marca forte que é a aprovação do Estatuto do Magistério, que valorizou muito a categoria dos professores. Outra marca indiscutível é a industrialização. Sou o prefeito que mais industrializou e gerou empregos em toda a história de Jataí. Colocamos Jataí entre as cidades de maior porte no Estado com o nosso pólo universitário. Quando assumi a prefeitura, tínhamos 14 cursos superiores. Hoje são mais de 30. Consegui um novo fórum, que será o maior do interior. Consegui um novo Cefet, que será também o maior fora da capital e um novo Senac. Implantamos uma clínica de hemodiálise, inclusive com pactuação para toda a região. A cidade está bonita e as praças foram revitalizadas. Estou deixando o processo pronto para transformar o campus da UFG em Universidade Federal do Sudoeste Goiano. Saio de cabeça erguida porque tenho certeza que cumpri a minha missão. Estou deixando R$ 8 milhões de recursos federais para o próximo prefeito. Eu nunca tive essa sorte. Faço isso para que o próximo prefeito possa investir em vários setores do município.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
"Diferença de votos não é real"
às
10:49
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