terça-feira, 25 de novembro de 2008

Demóstenes aposta no rompimento Alcides-Marconi


Senador do DEM entende que divórcio entre a dupla seria a única maneira viável para o surgimento de uma terceira via na sucessão estadual de 2010

Fernando Machado

O senador Demóstenes Torres (DEM) acredita que a única possibilidade da próxima eleição estadual não repetir o duelo de 1998 entre Iris Rezende (PMDB) e Marconi Perillo (PSDB) seria a confirmação de um rompimento definitivo entre o governador Alcides Rodrigues (PP) e o senador tucano. A declaração foi proferida no dia 18, quando o parlamentar participou de um ciclo de palestras na Universidade de Rio Verde e demonstrou entusiasmo com uma possibilidade de divórcio político entre o atual governador e o seu antecessor no comando do Estado. "Tudo depende de Alcides resolver abrir uma dissidência do PSDB. Todos dizem que há um desentendimento mais do que político entre os dois. É uma possibilidade que se abre", avaliou o senador. O fortalecimento do PP nas eleições municipais, com o acréscimo no número de prefeitos em todo o Estado, e a perda de representatividade do PSDB no interior deixou as duas legendas em pé de igualdade.Livre do ex-governador e com a força da máquina, prosseguiu Torres na análise, Alcides Rodrigues adquiriria condições para construir uma terceira via "eficiente" e que poderia abrigar aliados como o PR e o próprio DEM. Na avaliação do senador, são poucas as chances do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, liderar um possível novo grupo. Segundo ele, Meirelles tem enviado aos partidos goianos sinais cada vez mais claros de distanciamento da eleição estadual. "O fato de participar do governo Lula torna improvável a aliança dele com o DEM. E a (senadora) Lúcia Vânia já declarou ter perdido as esperanças de que Meirelles seja o candidato do PSDB", acrescentou.
"Zero de arestas"Em caso de permanência da polarização entre PMDB e PSDB na sucessão estadual, de acordo com Demóstenes, o DEM dará suporte à candidatura do senador Marconi Perillo. De acordo com ele, a criação de uma aliança nacional em torno de uma candidatura do PSDB à Presidência da República forçará a convergência entre tucanos e democratas nos Estados para sustentar o projeto nacional. "Essa aliança pode mostrar-se irreversível em nível estadual", pontua. Se isso acontecer, argumentou o congressista, as contendas pessoais entre as lideranças dos dois partidos em Goiás não servirão de obstáculo para uma composição eleitoral. "Eu tenho zero de arestas com Marconi. Sou amigo de Alcides Rodrigues, Iris Rezende e de Marconi", em sinal claro de que está disposto a negociar com todos os lados envolvidos.Apesar de crer na tese de que é mais provável que o DEM apóie uma candidatura majoritária em 2010 do que lance candidato próprio ao Palácio das Esmeraldas, Demóstenes Torres afirma que os resultados da administração do prefeito eleito Juraci Martins em Rio Verde poderão gabaritar a legenda para a disputa estadual. "Tínhamos apenas pequenas municipalidades até então. Com uma prefeitura grande nas mãos, poderemos corresponder às expectativas da população." Conforme a previsão de Torres, o prefeito eleito do DEM irá se tornar uma liderança com influência regional e com capacidade para reger o partido no interior. "Rio Verde foi a nossa São Paulo", sintetizou.
Suporte federalDemóstenes salientou que, em virtude da vitória do DEM em Rio Verde, tanto ele quanto o deputado federal Ronaldo Caiado estão empenhados no Congresso em incluir o município na destinação de recursos orçamentários da União. Ele lembrou que Caiado conseguiu, pela primeira vez, mobilizar a bancada goiana na Câmara Federal para aprovar uma emenda orçamentária expressiva para o município. Os recursos, segundo afirma, poderão ser aplicados pelo futuro prefeito para resolver problemas de infra-estrutura da cidade. "Poderão ser R$ 10 milhões ou então R$ 50 milhões. Depende do relator Delcídio Amaral (PT-MS)." Ele anunciou que conseguiu emplacar no Senado uma emenda extra-orçamentária da União, cujo valor ele preferiu não revelar. "Será um montante bastante expressivo para 2009. Um recurso que a cidade espera há muito tempo", resumiu. Uma das razões da visita do democrata a Rio Verde seria para estabelecer contato com o atual prefeito, Paulo Roberto Cunha (PP), para solicitar a prorrogação de um convênio do município com o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), que expira no próximo dia 30. "Em nível federal as conversas estão bastante adiantadas para que, com a prorrogação desse convênio, possamos resolver o problema da rodovia federal na cidade", relatou. Segundo ele, a parceria com o órgão federal possibilitaria a construção de dois viadutos no trecho da BR 060 em Rio Verde a partir do próximo ano. Acompanhado pelo reitor da Fesurv, Paulo Eustáquio Rezende do Nascimento, Demóstenes Torres assegurou que o município poderá ser contemplado com a instalação de novas universidades públicas e que considera viável a construção de uma faculdade de medicina em Rio Verde. "Já conseguimos levar um curso de medicina para Anápolis. Rio Verde tem tudo para também receber o benefício", comparou. O democrata aproveitou a ocasião para apontar o reitor como um nome local com potencial para as próximas eleições. Paulo Eustáquio, porém, figura nos quadros do PP, mas, segundo o senador, seria "muito bem recebido" no diretório municipal do DEM

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