Governistas conseguiram esvaziar chapa concorrente e eleger o pepista João Wesley de Moura para o comando do Legislativo em 2008
Fernando Machado
No último dia 18, a chapa encabeçada pelo vereador João Wesley Cabral de Moura (PP) saiu vencedora da disputa pela presidência da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Jataí. O êxito do pepista, que obteve o voto de oito dos 10 parlamentares, só foi possível graças a uma manobra política articulada pelo grupo do prefeito Fernando Henrique Peres (PR), que conseguiu esvaziar a chapa concorrente, liderada por Ediglan Maia (PSDB). Os dois votos contrários foram dos peemedebistas Gênio Eurípedes e Geovaci Peres. Minutos antes do prazo final para o registro de chapas, no dia 16, o vereador de oposição Adilson de Carvalho (PMDB) solicitou à Secretaria da Casa a desconsideração de sua assinatura na chapa do tucano para se inscrever como 1º vice-presidente no grupo liderado por Moura. Dessa forma, a chapa comandada por Maia ficou sem o número mínimo de cinco integrantes para pleitear a presidência do Legislativo. Faltando cerca de cinco minutos para o prazo de encerramento, Moura protocolou sua chapa, composta ainda por André Pires (PR), 2º vice-presidente; Abimael Souza Silva (PR), 1º secretário e Maria José da Silva (PTB), 2ª secretária.
O retorno de Moura para a presidência da Casa que ele presidira em 2006 coloca fim ao imbróglio que se arrastava no Legislativo desde 22 de fevereiro, quando o juiz da 2ª Vara Cível da Comarca de Jataí, João César Guaspari Papaléu, determinou a anulação da eleição para a Mesa Diretora para o exercício de 2008, destituindo Maia do cargo máximo do parlamento jataiense e exigindo a convocação de novo pleito. O tucano manteve seu grupo unido e, mais uma vez, venceu a disputa. No entanto, menos de uma semana depois o juiz novamente anulou a eleição, fazendo com que o líder do governo na Casa, Alcides Fazzolino (PTB), vereador mais idoso de Jataí, assumisse interinamente a presidência, conforme reza o Estatuto.
No curto período em que esteve à frente da Mesa Diretora, o petebista cancelou as principais medidas tomadas por Maia, como o reajuste salarial de 150% de todos os servidores da Casa, e ainda demitiu todos os ocupantes de cargos comissionados no Legislativo. Além disso, apresentou relatório acusando o ex-presidente de ter superfaturado serviços, malversação de dinheiro público e emissão de notas frias. No documento apresentado no Plenário por Fazzolino, Maia é incriminado de ter gasto nos dois primeiros meses de 2008 R$ 5 mil em festas e R$ 3,6 mil em compra de perfumes. Indignado, Maia acusou o colega de deslumbramento com o poder e negou todas as acusações.
O novo presidente da Câmara, que integra a bancada de oposição à administração municipal, assumiu a função pregando independência e sinalizando uma postura menos agressiva em relação ao Executivo. “Eu jamais serei contrário a alguém porque politicamente o grupo me força a ser. Vou ser um presidente pluripartidário”, disse em sua posse. Nesta semana, Moura deverá se reunir com o restante dos vereadores para avaliar se mantém ou não as medidas e os projetos criados por Maia, como o “Câmara Itinerante”, cujo calendário de sessões ordinárias nos bairros já estava programado, assim como a longa lista de demissões e o reajuste salarial dos servidores. “Essas decisões serão tomadas de acordo com a vontade da maioria”, resume. Ao mesmo tempo, ele promete tomar conhecimento da situação financeira da Casa. Moura afirmou que evitará ao máximo que os parlamentares utilizem o Plenário para fazer campanha política. Mesmo obtendo o voto favorável de Maia, ele interrompeu um discurso inflamado de críticas do tucano dirigidas ao prefeito Fernando Henrique Peres e pediu que ele se restringisse aos assuntos parlamentares. “O importante agora é reverter a imagem da Câmara, que ficou muito desgastada com os desmandos e irregularidades ocorridos no início de 2008. Quero unir todos os pares em prol dessa causa”, declarou.
Análise
Oposição sai abalada
Caracterizada por uma postura áspera e contundente em relação à administração do prefeito Fernando Henrique Peres (PR) a bancada oposicionista da Câmara Municipal de Jataí sofreu abalos estruturais com a vitória de João Wesley Cabral de Moura (PP) para a presidência do Legislativo. Primeiro porque o pepista, que sempre se manteve claramente na trincheira adversária ao primeiro mandato de Peres, assume o comando do Legislativo com uma postura mais amena em relação ao Executivo. Segundo, pelo fato de Ediglan Maia (PSDB), notadamente o oposicionista mais aguerrido, não poder mais usufruir da presidência da Casa para vociferar seus ataques contra Peres. E terceiro, e mais grave, porque os principais aliados do prefeito, como o ex-líder de governo André Pires (PR) e agora 2º secretário, foram reconduzidos para a Mesa Diretora graças ao apoio estratégico de um peemedebista.
Presidido no município pelo deputado federal Leandro Vilela, o diretório do PMDB não conseguiu evitar o desmantelamento de sua bancada e estuda agora como lidar com a rebeldia de Adilson Carvalho, que não seguiu as orientações da legenda. A posição dúbia de Carvalho ainda coloca em xeque a liderança do ex-prefeito Humberto Machado (PMDB), provável adversário de Peres na eleição majoritária de outubro. Nesse novo cenário, a oposição corre o risco de perder a maioria na Casa e passa a ser composta, na prática, somente pelos vereadores tucanos Ediglan Maia e Soraia Rodrigues e os peemedebistas Geovaci Peres e Gênio Eurípedes. Nesta semana, o diretório municipal do PMDB se reunirá para decidir se Carvalho será ou não expulso do partido. (F.M.)
segunda-feira, 24 de março de 2008
Câmara de Jataí tem novo presidente
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