Prefeito de Rio Verde de 1970 a 1973 e vereador por uma legislatura, Lauro Martins faleceu em janeiro de 2006, aos 80 anos de idade. Agora, pouco mais de dois anos após a sua morte, ele renasce em uma publicação de 322 páginas organizada pelo escritor e colunista da Tribuna do Sudoeste, Filadelfo Borges de Lima, que não dispensou depoimentos de familiares, amigos, comerciantes, radialistas e figuras do berço político da cidade para costurar o trabalho. Recortes de jornais e publicidades de campanhas políticas do passado, assim como um profundo mergulho bibliográfico, desvendam traços do ser humano e do homem público.
O lançamento da obra ocorreu no Salão Social do Sindicato Rural de Rio Verde, dia 28, e contou com a presença do vice-prefeito e secretário estadual de Agricultura, Leonardo Veloso do Prado (sobrinho-neto do biografado), e de Avelar Macedo, secretário municipal de Indústria e Comércio e autor de um testemunho impresso, entre outras personalidades da política e da cultura. O prefácio do livro foi escrito pelo ex-presidente da Assembléia Olímpio Jayme, representado no evento pelo seu filho, Thales Jayme, ambos parentes do personagem central. "Um exemplo de que é perfeitamente fazer política sem sujar as mãos e morrer com dignidade", arrebatou Jayme.
Segundo o autor, Lauro Martins retrata um homem de personalidade intrigante e um administrador público de personalidade consistente. "Certa vez, ao saber que alguém andava furtando peças dos veículos da prefeitura, ele passou horas escondido em um cantinho até pegar o funcionário no pulo", ilustra. O hábito de acordar muito cedo propiciava a oportunidade de se dirigir pessoalmente às frentes de trabalho e, literalmente, derrubar os peões da rede.
Proferindo seus costumeiros palavrões, ao mesmo tempo ralhava e levava ânimo aos trabalhadores. "Apesar do uso constante da gravata, Lauro apreciava mais a informalidade e a troça, dirigida a pessoas (de todas as camadas sociais) de sua intimidade", relata um trecho do livro.
O presidente do Sindicato Rural de Rio Verde, Bairon Araújo, descreve uma pessoa dura e intransigente nas questões éticas. "Podia ser parente, amigo ou o que quer que fosse: desonestidade significava demissão." De acordo com Araújo, apesar da escassez de recursos e da vastidão territorial do município de então, que ainda não havia assistido a emancipação de distritos atualmente importantes, como Montividiu, Castelândia e Santo Antônio da Barra, Lauro Martins se consagrou com a abertura de estradas na zona rural. "Ele se preocupou, e muito, com a correção do solo. Valorizou o setor rural como nenhum outro", certificou.
Família
O trabalho teve origem em uma consulta médica do autor com o cardiologista Paulo César de Carvalho Teles, genro do ex-prefeito, que indagou o escritor sobre a possibilidade de produzir uma obra sobre o saudoso homem público, adiantando que a família forneceria todo o apoio necessário. A empreitada logo conquistou o aval de Maria José Garcia Martins, viúva de Lauro e entusiasta da idéia de render uma justa homenagem ao pai de família honrado e ao advogado que desconcertava os colegas por trabalhar, não raramente, sem aceitar pagamento dos clientes.
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